terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

 

ALGUMAS MANCADAS DO PORTUGUÊS

Visando a sanar dúvidas em relação a determinados termos utilizados na Língua Portuguesa, segue abaixo a explicação de alguns casos.

A DOMICÍLIO

Observe a frase "Faço massagem à domicílio". O sinal indicativo de crase foi mal empregado, afinal, domicílio é uma palavra masculina. O correto é "Faço massagem a domicílio".

SANGUESSUGA

É uma palavra que pode ser feminina (quando indicar o verme) ou masculina (no sentido figurado). Veja os exemplos abaixo.
As sanguessugas são vermes que vivem em águas estagnadas, represas e lagos.
Os sanguessugas do Congresso foram absolvidos.

PLANETA-ANÃO

Desde agosto do ano passado, Plutão foi "rebaixado" para planeta-anão. Note que é usado hífen para unir estas palavras. Não esqueça: planeta-anão é com hífen, apesar de já ter aparecido na mídia sem hífen.

MEGASSENA

Pela regra dos prefixos (já vista nesta coluna anteriormente), a forma correta da escrita é exatamente esta: megassena. No entanto, é comum (porém incorreta) a escrita mega-sena ou mega sena.

TELEENTREGA, TELENTREGA ou TELE-ENTREGA?

Esta palavra apresenta mais de uma forma na escrita: "teleentrega" ou "telentrega" (perdendo um "e"), mas não "tele-entrega" (com hífen) que é, com certeza, a forma mais presenciada). Por isso, é importante termos cuidado.

CURIOSIDADE

DÉJÀ VU
A expressão "déjà vu" vem do francês e pode ser traduzida literalmente como "já visto". Ela começou a ser usada tecnicamente no início do século XX para designar a estranha sensação de já ter visto ou vivido algo que, com certeza, está acontecendo pela primeira vez.

Vejamos o que nos diz o Dicionário Aurélio sobre "déjà vu":
1- Aquilo que dá a impressão de já ter sido visto ou presenciado.
2- Sensação de já haver estado em determinado lugar ou em certa situação quando isso, na realidade, não aconteceu.
3- Neur. Psiq. Ilusão epiléptica (q. v.) durante a qual o indivíduo interpreta mal objetos que, entretanto, vê bem e que passam a ter, para ele, características anormalmente familiares.

O sentimento associado ao "déjà vu" clássico é o de estranheza. Ter a sensação esquisita de estar revivendo alguma experiência passada - sabendo que é impossível que ela tenha algum dia ocorrido - nos causa estranheza, sendo assim, é considerado "déjà vu".
27/02/07

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

 

VÍRGULA

VÍRGULA
O uso da vírgula é fundamental para o entendimento, na escrita, do que se quer dizer. A frase "Só, as crianças brincavam naquela praça" é bem diferente da frase "Só as crianças brincavam naquela praça". A vírgula muda tudo. Na primeira frase, "só" significa "sozinha"; na segunda, "apenas, somente".
A vírgula é um instrumento sintático, ou seja, um elemento que está diretamente associado ao papel que um termo tem na estrutura da frase.
Comparando a frase "Paulo, nosso amigo comprou um carro" com "Paulo, nosso amigo, comprou um carro" é possível perceber a diferença. Na primeira, "Paulo" é a pessoa a quem se dirige a palavra, a pessoa chamada, interpelada. "Paulo" não é nosso amigo. Sintaticamente, diz-se que "Paulo" é "vocativo". Vocativo vem do latim "vocare" (chamar). E o vocativo sempre é separado por vírgula.
O que ocorre na segunda frase ("Paulo, nosso amigo, comprou um carro")? Não existe mais vocativo, ou seja, não se chama ninguém. Paulo e nosso amigo são a mesma pessoa. Paulo, que é nosso amigo, comprou um carro.
Agora, vejamos outros exemplos: "Os alunos despreparados não passaram na prova."/"Os alunos, despreparados, não passaram na prova".
Na primeira frase, havia alunos preparados e despreparados. Só não passaram na prova os despreparados. Os preparados passaram. O termo "despreparados" restringe o universo de alunos a uma parcela. E não se separam por vírgula termos restritivos.
Na segunda, todos os alunos estavam despreparados e não passaram na prova. Note que, se você quisesse enfatizar a condição, o estado dos alunos, bastaria colocar o adjetivo "despreparados" no início, separando-o por vírgula: "Despreparados, os alunos não passaram na prova". Percebe que neste caso aumenta o destaque para a condição dos alunos?
Sendo assim, volto a dizer que só se consegue domínio pleno da pontuação, principalmente do uso da vírgula, com o estudo da estrutura sintática.

06/02/2007

 

ADJETIVOS COMPOSTOS

ADJETIVOS COMPOSTOS
Recebi vários e-mais tratando basicamente de dois casos de adjetivos compostos: os formados por dois adjetivos (luso-brasileiro, médico-odontológico) e os formados por um adjetivo e um substantivo (azul-turquesa, verde-garrafa). No caso dos primeiros (os formados por dois adjetivos), só se faz a flexão (de gênero e número) do segundo elemento, o que significa que o primeiro adjetivo será empregado no masculino singular. É o caso de "clínica médico-odontológica", cujo plural é "clínicas médico-odontológicas".
Com as cores que têm esse tipo de formação (dois adjetivos), repete-se o processo: o plural de "sandália vermelho-escura" é "sandálias vermelho-escuras"; o de "papel azul-claro" é "papéis azul-claros". A forma "sandália vermelho-escura", por exemplo, não convence, nem satisfaz. Por isso, as pessoas preferem dizer "sandália vermelho-claro" ou "sandália vermelho-escuro", como se quisesse salientar que "claro" ou "escuro" é o vermelho, não a sandália.
No caso dos adjetivos compostos que entram no segundo grupo (os formados por adjetivo e substantivo), não há flexão de nenhum dos dois elementos. O plural de "camisa amarelo-ouro", por exemplo, é "camisas amarelo-ouro"; o de "camisa azul-turquesa" é "camisas azul-turquesa".

Exceções
No entando, há exceções. A primeira é "surdo-mudo", adjetivo composto formado por dois adjetivos. A regra manda flexionar só o segundo, mas os dois são flexionados: "menina surda-muda/meninas surdas-mudas"; "rapaz surdo-mudo/rapazes surdos-mudos". Outras exceções são "azul-marinho" e "azul-celeste", adjetivos compostos formados por dois adjetivos. Deveria variar o segundo elemento, que não varia: "terno azul-marinho/ternos azul-marinho"; "sapato azul-celeste/sapatos azul-celeste".

Hífen
De modo geral, usa-se ou não hífen ligando os dois vocábulos? Usa-se. É normal que essas palavras venham unidas por hífen, apesar de escritores modernos muitas vezes não o adotarem.

Forma correta
Qual a forma correta de se referir à cor em si em suas várias tonalidades: "o turquesa claro", "a cor turquesa clara" ou "a cor turquesa claro"? Tomadas como substantivos, as cores assumem o gênero masculino: "Não me agrada o turquesa-claro"; "O amarelo-claro é minha cor preferida"; "Gosto muito do azul-claro". Note que nesse caso também se mantém o hífen.

30/01/2007

 

DETECTOR

DETETOR ou DETECTOR?
De acordo com os dicionários e com o "Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa", da Academia Brasileira de Letras, o verbo é "detectar", e o substantivo que designa o aparelho com o qual se detecta algo é "detector". No português do Brasil, há várias palavras em que o "c" e o "p" mudos são opcionais na escrita e na pronúncia.
"Contacto" e "contato", por exemplo, são equivalentes, o que também ocorre com "corrupto" e "corruto", "corrupção" e "corrução", "aspecto" e "aspeto", "expectativa" e "expetativa", "expectorar" e "expetorar", "secção" e "seção", "intersecção" e "interseção" etc. Em alguns casos, é notório o predomínio de uma das formas, o que ocorre com "corrupção" em relação a "corrução", ou "aspecto" em relação a "aspeto". Já em outros casos, como o de "contacto" e "contato", as preferências se dividem.
Há também situações como a de "seção" (muito mais usada do que "secção") e "intersecção" (muito mais usada do que "interseção"). Que é a "intersecção" (ou "interseção")? Nada mais do que a fração, a parte, ou seja, a "secção" (ou "seção") comum a dois conjuntos. Por algum dos indecifráveis mistérios da língua, preferimos "seção" a "secção", mas preferimos "intersecção" a "interseção".
Toda essa história de pôr e tirar o "c" deve fazer muita gente supor que sejam igualmente válidas as formas "detectar" e "detetar", "detector" e "detetor". Não custa lembrar que não é da noite para o dia que um vocábulo ganha registro. Além de tempo, é preciso que a forma tenha uso e registro cultos. O fato de os dicionários e o Vocabulário não registrarem "detetar" e "detetor" talvez se deva à baixa freqüência dessas formas na linguagem culta.

TIRE SUA DÚVIDA!

Um leitor me pede explicações sobre o emprego do verbo "informar". Esse verbo é um dos tantos que admitem mais de uma construção. Pode-se informar algo a alguém; pode-se informar alguém de/sobre algo. Portanto, são corretas as duas frases que você mandou ("João informou a situação ao amigo"/"João informou o amigo da situação").
Como se nota, há uma preposição de cada vez. No primeiro exemplo, surge a preposição "a" ("ao amigo") quando se introduz a pessoa que recebe a informação; no segundo, a preposição "de" ("da situação") é empregada quando se introduz o fato de que o amigo é informado.
As dificuldades talvez surjam quando se substitui um dos complementos de "informar" por um pronome oblíquo. De início, é bom lembrar que, em linguagem escrita culta formal, os pronomes "o" e "lhe" têm papéis distintos. O "o" substitui complementos verbais que não são introduzidos por preposição ("Não vi seu primo"/"Não o vi"; "Faz tempo que não abraço você"/"Faz tempo que não o/a abraço"). É o que ocorre em "João informou-o (ou "João o informou") da situação". Nesse caso, o pronome "o" substitui a expressão "o amigo".
O pronome "lhe" deve substituir complemento verbal introduzido por preposição ("a", normalmente). Em "João informou a situação ao amigo", a expressão "ao amigo" (introduzida pela preposição "a") seria substituída pelo pronome "lhe": "João informou-lhe (ou "lhe informou") a situação".
Isso se repete em estruturas compostas, como estas: "João informou-o de que não poderia comparecer"; "João informou-lhe que não poderia comparecer". Percebeu o que ocorre, caro leitor? No primeiro caso, temos o pronome "o" ("informou-o"), que substitui "o amigo". Se João informou o amigo, informou-o de algo. É por isso que depois do "o" surgiu a preposição "de" ("informou-o de que..."). No segundo caso, temos o pronome "lhe", que substitui "ao amigo", expressão introduzida pela preposição "a". Se João informou ao amigo, informou-lhe algo, e não "de algo". É por isso que, com o emprego do "lhe", some a preposição "de".
Convém dizer que os estudos da evolução da regência desse verbo apontam como originária a construção "informar alguém de algo".
O que se disse até agora a respeito de "informar" se aplica também quando se empregam os verbos "avisar", "cientificar" e "notificar", ou seja, é possível avisar (ou cientificar/notificar) algo a alguém ou avisar (ou cientificar/notificar) alguém de algo. Pode-se, pois, dizer que "João avisou (ou cientificou/notificou) o amigo da situação" ou que "João avisou (ou cientificou/notificou) a situação ao amigo".

23/01/2007

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